quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Teatro Numérico

Vou coleccionando dias em que o sol não brilha, vou esperando loucamente que o tempo passe, não falhando a contagem de uma única gota que cai desesperadamente do céu em queda livre sem nada para a segurar. Desconectado e auto destrutivo, uma bala de cada vez. É um pouco estranho, olhar para um caderno sem nada escrito e imaginar o que poderia ser neste dia, que monólogos longínquos que me consomem a mente, poderia ser fácil, mas a resposta é um não enraivecido. Que sentido faz? Desmembrado até à raíz, nem uma gota de água, a rainha das trevas fugiu, a mente negra ficou clara como o dia, cegando-me o coração e bela flor que colhi, secou. Imaginário ou real, as minhas palavras, começam a montar uma conspiração contra mim, derrubando-me do trono, um trono que nunca me pertenceu, um trono que eu idealizei no cerne do pensamento, um trono que na verdade não existe. Não sou Rei, não sou um demónio, muito menos um monstro, não sou uma chave para abrir portas, não sou uma fórmula para equacionar problemas matemáticos, não sou uma lei que me faz orbitar em torno dos meus poderes, serei algo, mas muito pouco.. Que medo, provoca-lhe receio, estranho, não? Provavelmente será estranho também, a lua gritar pela noite quando acorda a meio dela, por causa de um horrível pesadelo, mas que por entre estrelas, se deita com ela. Não vamos muito longe, que luz é esta que brilhou como o anjo que outrora passou por terras desconhecidas espalhando o nada e colhendo o tudo? E já vão 2 perguntas sem resposta, que infelicidade...Por falar em bem estar, por andam aquelas tardes em que andar de baloiço era uma tentativa de voo falhada? Provavelmente no mesmo sítio onde andam as tentativas de suicídio com palavras mortas, mas é mentira, ninguém falou em suicídio. Mórbida é também a minha vontade de rir comparada com as vezes em que não o fiz, simples, o coração usava óculos com uma graduação inapropriada. Quantas vezes é que tive que ouvir mentiras, provar dissabores e descobrir segredos empolgantes que afinal não eram assim tão engraçados? Quantas vezes foram aquelas que eu sorri de verdade e me senti um pouco mais daquilo que sou neste momento? Quantos minutos fui feliz até agora? Mais 6 perguntas sem resposta somadas ás 2 anteriores, que dividido por 4 anos, deu sempre uma peça teatral que acabou sempre com lágrimas e dois rostos destruídos...Não poderei fazer mais perguntas, implicaria tudo o que já vivi até agora. Serei talvez o significado mais incorrecto do dicionário.

A Perfect Circle-The Outsider

domingo, 5 de dezembro de 2010

Talvez não

Não poderei ver como os meus olhos, aquilo que já venci com o coração, eu sei...Tem feito bastante frio, mas a alma arde com a maior das frustrações.
Não poderei mais respirar o amanhã, com todo este o fumo de cada cigarro que me vai gritando ao ouvido o silêncio que me tem feito companhia.
Não poderei mais provar o ontem, que por incrível que pareça ainda não apodreceu, e eu sei...Até mesmo longe do que já fui, consigo observar em câmara lenta aquilo que não deveria ter feito e talvez um dia mais tarde consiga esconder-me da constante chuva de pedras que vai caindo sobre mim.
Não será muito lógico, olhar para uma paisagem, onde pouca coisa exista, onde poucas cores lá vivam, será um pouco confuso entrar em várias portas não sabendo se têm saída e é de certeza desconexo que o meu passado se resuma a um abraço, uma história de amor destroçada e um erro.
Eu sei...ou talvez não saiba...

Audioslave-Yesterday To Tomorrow