Fui escravo de mil sensações, onde apenas as correntes ferrugentas e frias me anestesiavam a dor e com uma venda bem apertada nos olhos tentava descubrir a saída. Bati com a cabeça inúmeras vezes naquelas enormes paredes que impediam a minha fuga deste labirinto, cego pelo monstro que se criou em mim já nem sentia nem via a dor. Apenas sentia o amargo sabor nos lábios de um líquido que escorria por todo o meu rosto, sem parar. Sentei-me desesperadamente com frio, dezenas e dezenas de vezes num beco onde ninguém me via, onde eu não via ninguém. Tentei arrombar com pontapés violentíssimos a porta da minha mente na tentativa de entender o necessário, na esperança de preceber o porquê, soltava gritos arrepiantes de dúvida que nasciam do fundo da alma procurando obter uma resposta do meu coração, mas este mantinha-se calado, deixou-me desesperado e rodeado por algo que eu não queria, a minha única companhia naquelas longas noites tornar-se-ia a solidão. Ficava ali, naquele chão, cada vez que embatia contra uma das já referidas paredes. Esgotado, não tinha forças para me levantar e apenas me restava tentar fechar os olhos para recuperar energia, mas cada vez que os meus olhos se selavam, surgiam fantasmas, demónios, memórias, erros, pecados. Nao conseguia obter o meu merecido e devido descanço depois de batalhas que eu disputei no ontem. Quando eu pensava que provavelmente chegara o meu fim, cái uma pena tão ou mais branca do que a neve a levitar, docemente com uma tragetória semelhante a de um pêndulo onde o ponto fixo estava lá no alto do buraco, mas a escuridão que dizia bom dia aos meus olhos era tanta, que quando tentei avistar a luz, os meus olhos arderam durante uns prováveis 2 a 3 minutos. Foi aí que me habituei àquela claridade agradável e no meio dela, surge uma mão, que ao tocar a minha limpou toda a minha alma e mente. Aprisionou demónios e fantasmas numa caixa com um símbolo idêntico a um par de asas. Era evidente e assustador ouvir os gritos abafados que tentava explodir para o exterior na tentativa de entrar novamente em mim. Mas a caixa permaneceu fechada. Voei por entre ventos descontrolados e marés enrraivecidas, toquei o pico da montanha mais alta daquele horizonte, beijei o céu e abraçei a água, viajei e descubri tantas, chaves que me possibilitaram abriram outras tantas portas. Levantei enormes rochas com apenas uma só mão, tal era a força que eu tinha recuperado, o meu lugar é aqui. Mas.. de'rrepente, minha mente desliga e oiço o irritante tocar de um desepertador. Foi apenas um sonho. Permaneci alguns 10 minutos a olhar o tecto do meu quarto em silêncio sem rigorosamente nada na cabeça com apenas a luz dos estores e tentar tirar-me da cama. Levantei-me, caminhei até à casa de banho, levei uma considerável quantidade de água da torrneira à cara para lavar esta mesma e no fim limpei-me com a toalha azul que ali estaria. Regressei ao quarto, sentei-me na cama e foi aí que.. Olhei para a mesinha de cabeceira e ali estava ela, sossegada, à espera de atenção. A pena Branca.